sexta-feira, 12 de setembro de 2014

AFASTAMENTO DO TRABALHO POR USO DE DROGAS CRESCE 180%

Dados do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) revelam que, de 2009 a 2014, na região Noroeste do Estado, houve aumento de 182,6% no número de pessoas que recebem auxílio-doença por causa do consumo de drogas - principalmente crack e cocaína - e de 47% para casos de alcoolismo. Nos últimos cinco anos, 3.575 moradores da região passaram a receber auxílio-doença pelos transtornos motivados pelo uso de drogas. Até agosto deste ano, outros 781 trabalhadores foram afastados do emprego, por causa do consumo de drogas. O INSS não discrimina o número de auxílio por entorpecente consumido pelo beneficiado. No total, 4.356 pessoas estão afastadas. 

O número de afastamentos devido ao consumo de álcool também aumentou, nos últimos cinco ano. Em 2009, 166 passaram a receber o auxílio-doença; já em 2013, o número subiu para 245. O que representa um aumento de 47%. De janeiro a agosto deste ano, 150 pessoas foram afastados do emprego, por causa do consumo de álcool. No total, o INSS já beneficiou 1.179 trabalhadores.

Para pedir o benefício, o trabalhador precisa comprovar por meio de perícia médica a impossibilidade de exercer a função, em razão ao consumo da droga ou do álcool. O valor recebido depende do salário do trabalhador e vai de R$ 724 a R$ 4.390,24. De acordo com o gerente regional do INSS, Eduardo Sadao, o período de afastamento depende de avaliação médica. “É levado em consideração a idade, a atividade exercida pelo beneficiário e o tipo de tratamento a que ele será submetido, entre outros.” Ela afirma desconhecer os motivos que possam explicar o aumento do número de pedidos de auxílio-doença devido à dependência química. 

ALUCINADO NO TRABALHO 

Ex-funcionário de um depósito de logística, Júlio (nome fictício), 34 anos, é um dos trabalhadores que obtiveram o auxílio-doença, este ano, por causa do envolvimento com drogas. Há quatro meses, ele passou a receber o benefício de R$ 1.034,00. Parte do dinheiro é encaminhada para a mulher e o filho de um ano, que estão em Joinville (SC). A outra é utilizada para pagar a mensalidade do Centro de Recuperação da Vida (Crevi), em Mirassol - onde o homem está internado há sete meses -, e bancar gastos pessoais. O dinheiro que sobra fica guardado no cofre da entidade e controlado pela administração. A mensalidade custa R$ 400, com direito a atendimento especializado e cinco refeições.

Júlio é usuário de cocaína há 12 anos. “Eu comecei querendo descobrir o mundo, mas chegou uma hora que eu vi que estava acabando com a minha família. No trabalho, eu chegava alucinado, dizendo que queria ir embora. Depois de um tempo, eu comecei a faltar.” O usuário de cocaína chegou a iniciar tratamento em Joinville, mas não obteve resultados. “Eu consumia mais drogas do que me tratava. Foi quando me indicaram a clínica de Mirassol. Vim para cá e estou forte para conseguir a reabilitação. Só pedi o auxílio-doença para conseguir manter o meu tratamento e ajudar a minha família, que não tem culpa do rumo que escolhi para a minha vida.” 

Para o psicólogo do Centro de Convivência É de Lei, de São Paulo, Bruno Lognan, o aumento no número de auxílio-doença para usuários de droga e de álcool está relacionado à busca dos dependentes por ajuda médica. “Vejo como uma quebra de tabu para se falar de drogas e, consequentemente, a coragem dos usuários de buscar tratamentos.” Ele afirma que “antes as pessoas não queriam tocar no assunto drogas. Agora, o usuário está se conscientizando de que pode procurar tratamento, ou sejam, eles (dependentes químicos) estão tomando coragem para falar que é um usuário e precisa de ajuda”.

Fonte:uniad

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